Onze homens e um segredo: a história dos treinadores campeões pelo Peixe

Ao longo dos 110 anos de sua estrelada história, o Santos teve inúmeros personagens marcantes. Foram jogadores, treinadores, dirigentes, torcedores e muitas pessoas que fizeram a trajetória do Alvinegro Praiano uma das mais belas dentre todos os clubes de futebol do mundo. Entre os treinadores, há uma curiosidade significativa: apenas 11 deles tiveram o especial sabor de levar o time principal masculino ao título. São 11 homens e alguns segredos de como fazer o Santos campeão.

O primeiro treinador a conduzir o Peixe ao título foi Virgílio Pinto de Oliveira, o Bilu. Nascido em Santos, fez parte das equipes inferiores do clube na primeira década de existência e estreou pelo time principal em 1919. O zagueiro disputou 195 partidas, de 1919 a 1930. Aposentado, tornou-se árbitro e diretor no clube. Em 1935, era o diretor geral de Esportes, o responsável pela escalação do time. Em seu primeiro ano no comando, faturou o Campeonato Paulista, a maior glória santista até então. Comandou o Peixe até 1937 e voltou para um rápido período em 1945. Foram 114 partidas como treinador, com 67 vitórias, 11 empates e 36 derrotas – um aproveitamento de 63,49% dos pontos, superior a nomes famosos recentes como Jorge Sampaoli, por exemplo, que teve 61,54%.

Antoninho: cinco títulos

Depois de vinte anos de seca, o Santos voltou a ser campeão com Luiz Alonso Perez, o Lula. Oriundo da várzea santista, onde teve muito sucesso, Lula quebrou todos os recordes na função: é o treinador mais longevo da história do Santos (foram 12 anos, de 1954 a 1966), o que mais conquistou títulos (foram 38, contando competições amistosas no exterior), o que mais partidas comandou o time (943 jogos), o que mais venceu (619 vitórias) e com o maior aproveitamento dentre os que comandaram o time em mais de 50 jogos (70,76%). Até hoje é o treinador brasileiro com mais títulos mundiais interclubes (dois), mais títulos da Copa Libertadores (dois) e mais títulos brasileiros (cinco).

Lula foi sucedido por Antoninho Fernandes, que era seu auxiliar técnico. Antigo ídolo santista, Antoninho ganhou o apelido de “Arquiteto da bola”, tamanha qualidade que tinha em construir jogadas ofensivas partindo desde o meio de campo. Considerado o principal jogador do Santos na década de 40, disputou 401 jogos e marcou 144 gols pelo alvinegro. Como técnico, foram 397 partidas, número que o coloca como o segundo que mais treinou o Peixe. Sua passagem foi bastante exitosa: foram três títulos paulistas, um título brasileiro, além das importantes Recopas Sul-Americana e Mundial. Em 1968, o time de Antoninho ganhou todos os títulos que disputou. Uma máquina.

Depois da saída de Antoninho, o Santos apostou em muitos ex-jogadores do período vitorioso das décadas de 60 e 70. Mauro, Jair, Pepe, Olavo, Alfredinho, Urubatão, Ramos Delgado, Mengálvio, Formiga, Clodoaldo, Coutinho e Del Vecchio comandaram o time principal do Santos, ao menos uma vez, neste período. A aposta em ex-jogadores vitoriosos fez com que o Santos tivesse o primeiro campeão como jogador e técnico: Pepe.

José Macia, o Menino de Ouro da Vila Belmiro, esteve no banco de reservas entre 1972 e 1974, em sua primeira passagem (voltou outras vezes, a última delas em 1994). Foram 371 jogos como técnico, com 176 vitórias, 112 empates e 83 derrotas. Pepe conduziu o time ao confuso título paulista de 1973, na consagrada confusão durante os pênaltis que dividiu a conquista com a Portuguesa.

Depois de cinco anos e dez treinadores diferentes, o Santos voltou a vencer. Chico Formiga foi o responsável pela primeira conquista santista depois da aposentadoria de Pelé, o Paulistão de 1978. Formiga foi o segundo (e até então último), campeão como jogador e treinador do Santos. Em 250 jogos, obteve 114 vitórias, 80 empates e 56 derrotas.

O próximo treinador campeão com o Peixe foi Carlos Castilho, no Campeonato Paulista de 1984. Foram quase dois anos no comando do time, entre 1984 e 1986, com 126 jogos e 58 vitórias. Depois de muitos anos sem títulos, Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão ingressaram no seleto grupo de técnicos vencedores. Há a inevitável polêmica de qual deles foi campeão primeiro: enquanto Vanderlei levou o Peixe ao título do Torneio Rio-São Paulo em 1997, Emerson Leão foi campeão brasileiro em 2002. Como alguns consideram o fim da fila santista em 2002, Leão teria sido o primeiro.

Dorival Júnior: vencedor em duas passagens pelo Peixe

O fato é que ambos foram importantes em demasia nas décadas de 90 e 2000. Vanderlei Luxemburgo conquistou o Brasileirão de 2004 e dois Paulistões, em 2006 e 2007. Emerson Leão foi o técnico da conquista da Copa Conmebol de 1998. Luxemburgo dirigiu o Peixe em 305 jogos, Leão em 276. Luxa ganhou 160 partidas, Leão 142. Leão sucedeu a Luxa em 1998, Luxa sucedeu a Leão em 2004 e Leão sucedeu a Luxa em 2008.

Dorival Júnior foi o nono técnico a vencer pelo Peixe. O ano de 2010 é lembrado com alegria pelos torcedores, quando além de encantar o país, o time venceu o Paulistão e a Copa do Brasil. Em sua segunda passagem pelo clube, Dorival ganhou o Paulistão de 2016 – o último título do Santos.

Muricy Ramalho e Marcelo Fernandes completam o seleto grupo de onze homens vencedores pelo Santos. Com Muricy, o alvinegro venceu dois Paulistões (2011 e 2012), uma Recopa Sul-Americana (2012) e a inesquecível Copa Libertadores de 2011. Marcelo Fernandes iniciou o Paulistão de 2015 como interino, mas manteve-se no cargo e ao final soltou o grito de campeão.

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