Onde há fumaça, há fogo: a meteórica carreira de João Fumaça pelo Santos

Comemoração da discórdia, contra a Portuguesa Santista (Reprodução Estadão).

João Fumaça surgiu e sumiu rapidamente no time principal do Santos em 1997. Depois de uma ótima atuação na Copa São Paulo de Juniores daquele ano, ganhou chances entre os profissionais e foi bem. Fez gols, entusiasmou o torcedor santista, mas pouco tempo depois perdeu espaço no elenco, foi vítima de boatos, acabou emprestado e não mais voltou a jogar pelo Peixe.

No episódio 53 do nosso podcast, batemos um papo bem aberto com João Fumaça. O ex-jogador contou detalhes do início da carreira no Guarani e no Noroeste, a chegada ao Santos, o destaque e os motivos que fizeram-lhe deixar o clube e não mais regressar.

João Luís Silveira, o João Fumaça, nasceu em 11 de abril de 1977, em São Bernardo do Campo (SP). Começou no futebol como todo menino brasileiro, correndo atrás da bola nas ruas ou nos acidentados terrenos que serviam de campo. Diferente dos demais, jogou nas categorias de base do Guarani, de Campinas, referência em revelar ótimos jogadores naquela época. Seguiu ao Noroeste, de Bauru, onde ganhou o apelido que carregaria o restante da carreira. O tio de João era massagista do Norusca e o seu apelido, Fumaça, passou ao sobrinho: era agora o Fumacinha. Com o novo apelido, João Fumaça fez muitos gols na disputa da Série A2 de 1996. No ano seguinte, foi negociado com o Santos para integrar a base alvinegra, comandada pelo técnico Nenê Belarmino.

Com João Fumaça em grande forma, o Santos chegou até as semifinais da Copa São Paulo de Juniores. A derrota para o Lousano Paulista (atual Paulista, de Jundiaí) impediu-o de disputar a grande decisão, mas não foi capaz de tirar-lhe o título de melhor jogador da competição. Como prêmio, ganhou um carro Corsa zero quilômetro, vendido para comprar uma casa para a mãe.

No mesmo dia em que foi eliminado da Copinha, João Fumaça embarcou ao Rio de Janeiro para acompanhar o elenco profissional. Estreou naquele mesmo final de semana, no empate em 3×3 entre Santos e Vasco, pelo Torneio Rio-São Paulo. Apesar de não atuar nas duas partidas da decisão contra o Flamengo, João Fumaça esteve com o grupo e viu de perto o Peixe ganhar o título no Maracanã.

Com o início do Campeonato Paulista, ganhou mais chances entre os titulares. Em uma partida contra o Araçatuba, na Vila Belmiro, marcou três gols (o Santos venceu por 5×2). No “clássico das praias” contra a Portuguesa Santista, marcou novamente e comemorou com uma dança portuguesa, o que valeu-lhe dura reprimenda do técnico Vanderlei Luxemburgo.

O estilo de jogo veloz e irreverente fez João Fumaça cair nas graças do torcedor santista. Era um dos mais requisitados para autógrafos e fotos. Nas ruas da cidade, era ovacionado por todos. A exposição ao sucesso causou preocupação na comissão técnica, que tentou de várias maneiras blindar o assédio. Temiam que o desempenho em campo fosse afetado por se deslumbrar com as facilidades que o sucesso traz.

Com a chegada de Muller e Careca ao clube, João Fumaça perdeu espaço. Foi colocado para atuar pelos aspirantes, alcançando o vice-campeonato paulista da categoria. Pouco tempo depois, foi colocado à disposição e seguiu ao Remo, emprestado. João Fumaça contou-nos que um boato de que teria sido o responsável pelo sumiço de um relógio do goleiro Zetti atrapalhou sua sequência no Peixe. Vítima da maldosa informação, viu o sonho de jogar pelo Santos interrompido. Jamais voltou a atuar pelo alvinegro praiano.

Na entrevista que nos concedeu, João Fumaça contou isso e muito mais. Detalhou a interessante e perigosa experiência na Eslováquia, onde por muito pouco não foi agredido na rua por um grupo de racistas. Confira o bate-papo na íntegra:

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